Categorias do texto narrativo
Acção
O rei D. João V, Baltasar e Blimunda e Bartolomeu Lourenço protagonizam as diversas acções que se entretecem em Memorial do Convento.
A acção principal é a construção do convento de Mafra. Situando-se no início do século XVIII, encontra-se um entrelaçamento de dados históricos, como o da promessa de D. João V de construir um convento em Mafra, e o do sofrimento do povo que nele trabalhou. Conhece-se a situação social e económica do país, os autos de fé praticados pela Inquisição, o sonho e a construção da passarola voadora pelo padre Bartolomeu de Gusmão, as críticas ao comportamento do clero, os casamentos da infanta Maria Bárbara e do príncipe D. José.
Paralelamente à acção principal, encontra-se uma acção que envolve Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas.
Espaço
Físico:
- Lisboa: Terreiro do Paço, o Rossio, S. Sebastião da Pedreira, Odivelas, Xabregas, Azeitão
- Mafra: a Vela, Pero Pinheiro, serra do Barregudo, no Monte Junto, Torres Vedras
Outras referências: Jerez de los Caballeros, Olivença, Montemor, Aldegalega, Morelena, Pegões, Vendas Novas, Montemor, Évora, Elvas, Caia, Coimbra, Holanda ou Áustria.
Social:
- Lisboa: o narrador afirma que “esta cidade, mais que todas, é uma boca que mastiga de sobejo para um lado e de escasso para o outro”
- Mafra: aqui encontramos constantes referências a que dava trabalho para muita gente, mas socialmente destruiu famílias e criou marginalização.
-Alentejo: aqui conhece-se a miséria que o povo passava “ por ser a fome muita nesta província”.
SILVA, Pedro; CARDOSO, Elsa; MOREIRA, Maria; RENTE, Sofia (2012): Expressões 12 - Português - 12.º Ano. Porto: Porto Editora
Tempo
O narrador relata os acontecimentos segundo um critério essencialmente histórico, mas intervém frequentemente com breves prolepses.
As referências temporais são escassas ou apresentam-se por dedução.
O discurso flui, recuperando vários fragmentos temporais ou antecipando outros. As analepses são pouco significativas, apenas surgem a justificar projectos anteriores. O pendor oral ou de monólogo mental e as digressões favorecem diversas prolepses que conferem ao narrador o estatuto de omnisciência e transformam o discurso num todo compreensível, apesar de toda a fragmentação.
A data 1711, tempo cronológico do início da acção, não surge explícita na obra, mas facilmente se deduz pelos dados utilizados.
1711
- União de Baltasar e Blimunda
- Promessa de construção do convento de Mafra
- Auto de fé em Lisboa
1730
- Desaparecimento de Baltasar
- Início da viagem de Blimunda em busca de Baltasar
- 41º aniversário de D. João V
- Sagração do Convento de Mafra
1739
- Reencontro de Baltasar e Blimunda
- Auto de fé em Lisboa