1ºPeríodo
O livro que vou ler ao longo do 1º Período tem como nome O Caderno de Maya, de Isabel Allende.
Apresentação:
Antes de ler:
Decidi ler este livro não só pelo título, que me chamou à atenção, mas também pela sinopse, que vou passar a ler:
"Sou Maya Vidal, dezanove anos, sexo feminino, solteira, sem namorado por falta de oportunidade e não por esquisitice, nascida em Berkeley, Califórnia, com passaporte americano, temporariamente refugiada numa ilha no sul do mundo. Chamaram-me Maya porque a minha Nini adora a Índia e não ocorreu outro nome aos meus pais, embora tenham tido nove meses para pensar. Em hindi, Maya significa “feitiço, ilusão, sonho”, o que não tem nada a ver com o meu carácter. Átila me sido mais apropriado, pois onde ponho o pé a erva não volta a crescer”
A capa do livro, como podem ver, tem uma caricatura da imagem física de Maya, a personagem principal.
Autora:
Isabel Allende Llona, nasceu em Lima, a 2 de Agosto de 1942, é uma jornalista e escritora chilena.
Isabel é considerada uma das principais revelações da literatura latino-americana da década de 1980. A sua obra é marcada pela ditadura no Chile, implantada com o golpe militar que em 1973 derrubou o governo do primo do seu pai, o presidente Salvador Allende .
Resumo:
A história, narrada na primeira pessoa na forma de um diário, centra-se na trajetória angustiante de Maya no período mais difícil da sua vida, a adolescência. O diário é escrito durante o exílio na Ilha de Chiloé, no Chile.
Maya Vidal, de 19 anos, filha de um chileno e de uma dinamarquesa, foi criada com muito amor pelos avós paternos, Nini e Popo, num casarão em Berkeley.
Com a morte do avô a avó caiu numa depressão e a neta revoltou-se com a perda do avô. Más companhias fizeram-na cometer atos delinquentes e conhecer as drogas.
Acabou num centro para menores. Fugiu desse centro em Oregon e foi a pior decisão da sua vida. Chegou a Las Vegas e acabou trabalhando para um traficante de drogas e falsificador de dinheiro, o qual foi assassinado por dois dos seus “colaboradores”. Maya teve que fugir. Tornou-se mendiga e viciada em drogas. Quando a sua avó a encontrou, mandou-a para a ilha de Chiloé, para fugir dos traficantes, que a queriam matar. Na casa de Manuel Arias, descobriu, o amor e o desamor, o misticismo do povo chileno, a história da sua família, além da história da ditadura no Chile, comandada pelo terrível general Pinochet.
Na paisagem tranquila da ilha, ela conta o período duloroso da adolescência, a qual é intercalada pela descrição da sua rotina em Chiloé. Esta intercalação rompe de certa forma o ritmo da história.
Apreciação/ Crítica:
Neste livro Isabel conta o horror da ditadura chilena que durou quase 20 anos e que matou mais de 3000 adversários políticos, tragédia que tocou a família Allende com o suicídio do presidente socialista, que lutou até ao fim, preferindo tirar a própria vida a entregar- se.
Isabel Allende descreve o povo chileno da seguinte forma:
“No Chile as classes sociais dividem o povo, como as castas na Índia ou a raça nos Estados Unidos (…) as “chilotas” (da ilha de Chiloé) são gordas, baixas, com traços indígenas, desgastadas pelo trabalho e as penas”.
As questões raciais apresentadas no livro podem ser entendidas como críticas. Existe a evidente superioridade europeia e norte- americana diante dos “pobres índios da América do Sul”. Maya Vidal foi conhecer a mãe dinamarquesa e a narradora cita as suas impressões acerca da sua mãe:
“Creio que o meu aspecto foi um secreto alívio para minha mãe, porque eu não apresentava evidência dos genes latino- americanos do meu pai e num aperto poderia passar por escandinava”.
Ela descreve o interior do Chile como um lugar rudimentar mas que ao mesmo tempo o povo tem a “esperteza” de se caracterizar como índios para conseguir ganhar dinheiro dos turistas e até uma velhinha de mais de 100 anos planta marijuana no quintal.
O tema principal gira em torno das drogas e de todas as más consequências que a dependência pode trazer. (Isabel casou- se com um americano que tem três filhos que tiveram problemas com as drogas, por isso ela conta com muita propriedade e verdade todos os processos sofridos através da sua personagem Maya.)
“O caderno de Maya” retracta as dificuldades da adolescência e o super-conhecimento que os jovens têm acerca do mundo. Reflecte ainda sobre a influência da infância e da vida familiar na adolescência. E debate também sobre a luta pela sobrevivência e pela dificuldade de auto-análise em casos onde a pessoa não consegue alcançar a perspectiva necessária para se avaliar a si própria.
“ Esta Maya fez-me sofrer mais do que qualquer outra das minhas personagens. Em algumas cenas apeteceu-me dar-lhe um par de estalos para chamá-la à razão, e noutras envolve-la num abraço apertado para a proteger do mundo e do seu próprio coração imprudente.
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O livro é um alerta às famílias que devem se preocupar mais com os seus filhos; às clinicas de reabilitação, que não estão preparadas e, principalmente, aos jovens, mostrando as consequências que o vício pode provocar, desde a auto destruição, prostituição, crimes, até a morte pela própria droga. O Caderno de Maya é um livro para nos emocionar, nos envolver, um livro para pensar.
Fica claro, no decorrer da narrativa, a desconstrução da personagem. Maya vai ao fundo do poço, depois Allende resgata-a e reconstrói-a gradualmente.
O livro possui características de um drama com fortes aspectos de thriller policial e investigativo.
Confesso, que ao longo destes dois anos, em que nos é proposto ler e apresentar um livro, este foi o maior e o que li mais rápido. Gostei muito de ler o livro, porque a história era entusiasmante e estava desejando chegar ao fim para ver como acabava.