Classificação (tipo de romance)
Romance histórico, Memorial do Convento oferece-nos uma minuciosa descrição da sociedade portuguesa do início do século XVIII, marcada pela sumptuosidade da corte, associada à Inquisição, e pela exploração dos operários. A referência à guerra da sucessão, a imponência bárbara dos autos de fé, a construção do convento, os esponsais da infanta Maria Bárbara, a construção da passarola voadora pelo Padre de Gusmão e tantos outros acontecimentos confirmam a correspondência aproximada ao que nessa época ocorre e conferem à obra a designação de romance histórico.
Dentro da linha neorrealista, preocupado com a realidade social, em que sobressai o operariado oprimido, Memorial do Convento apresenta-se também como um romance social, ao ser crónica de costumes de uma época, reinterpretando para servir os objectivos do autor empírico. E, nesta medida, pode afirmar-se como romance de intervenção, ao apresentar a história repressiva portuguesa da primeira metade do século XX.
Se optarmos por uma classificação de acordo com os elementos estruturais da narrativa- personagem, espaço e acontecimento- designaremos a obra como romance de espaço ao representar uma época, interessando-se por traduzir não apenas o ambiente histórico, mas também por apresentar vários quadros sociais que permitem um melhor conhecimento do ser humano.